quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Um Lugar no Teu Jardim***

Hoje é quinta-feira de paz
O sol na cortina de pano
Sentado na beira do sofá
Um som que vinha do piano

No ranger da porta
Passos de bailarina até mim
Dois saltos, uma volta
Faço uma rima sem fim

Setembro já vai indo
Dai-me as flores perfumadas
Só desejo vê-la sorrindo
Dai-me as cores costuradas

Pinta meu azul com teu vermelho
Jogue teu olhar sobre mim
Reflita tua luz neste espelho
Mostre meu lugar em teu jardim


*escrito há quatro dias

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Não Existo Sem meu Brilho***

Um dia tão sem graça
Não adianta o que eu faça
Congelo na dor que não passa
Sei que preciso estar com você

As paredes vazias e sem graça
Não me encanta nada que eu faça
Espero por um tempo que não passa
Sei que já não existo sem você

Um lugar frio e sem graça
Não me espanta que eu nada faça
Desenterro a solidão que não passa
Sei que, aflito e perdido, estou sem você

De repente surge cheia de graça
Não cansa de brilhar, não importa o que faça
Pinta de amarelo dourado por onde passa
Sei que o meu brilho é você!

sábado, 23 de setembro de 2006

Na Primavera***

As árvores acordaram agitadas
As pessoas parecem cansadas
Nuvens no céu
Fumaça na janela

Pássaros rodeiam as paradas
As cores permacem misturadas
Ferrugem no pincel
Espalhada pela tela

As luzes não mais apagadas
Deixe as cortinas fechadas
Deixe cair o teu véu
Vamos pôr fim nessa espera

A lua se faz encantada
Deixe vir estação esperada
Deixe-me sentir o teu mel
Venha para mim na primavera


*Escrito em dias passados

domingo, 17 de setembro de 2006

Uma Garoa, Um Encontro***

Sem saber da garoa que se aproxima, segue na rua
Sempre na vida à toa, nas mesmas esquinas, sem lua
O homem caminha a passos lentos, sem direção
Esbarra numa jovem sozinha, momento de desatenção

Procura pelo sorriso que um dia já lhe pertenceu
A chuva é só um aviso do que havia e se perdeu
Tão bela face com o queixo enterrado no peito
A mão dela, de um jeito acanhado, no cabelo

O velho sapato, agora molhado, encarava a sandália
O reflexo dourado, pendurado, lembrava medalha
A moça e seus olhos que seguiam o enrolar dos dedos
A poça era como foto que dividia o encontrar dos segredos

A garoa vai dando lugar a ventania da madrugada
A coroa cai, deixando chegar a covardia esperada
Abre-se a avenida e os destinos são tomados
Partem da esquina com os sorrisos estampados

sábado, 16 de setembro de 2006

Sim, Adoro***

Sim, adoro...

Aquele ciúme que existe
A música que lembra você
A discussão que você desiste
O olhar que não fez ao me ver

O som das risadas que vejo
Os dias felizes que nascem,
O tédio enquanto não leio um beijo

Enfim, adoro...

Aquele ciúme que tenho e persiste
A música que me lembra sem querer
A discussão que, as vezes, deixa triste
O olhar que não fiz ao te ver

O sentimento vencido pela teima
As noites acordadas que se fazem,
A certeza de que, para mim, foi feita

No fim, adoro!

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Eterna Criança***

Eu vou à praia soltar pipa
E para a rua girar pião,
Vou escolher uma tulipa
Depois brincar de avião

Eu vou pular amarelinha
Pular até chegar no céu,
Bater figurinha
E girar no carrossel

Eu vou no carrinho de bate-bate
Depois comer algodão doce,
Vou me lambuzar de chocolate
E para a foto, fazer pose

Eu vou rabiscar a parede do quarto
Logo depois de encher a pança,
Ir na roda gigante, gritar lá do alto:
"Vou, para sempre, ser criança!"

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Toda Palavra, Uma Alma***

Nomes a serem cantados
Envelopes a serem selados
Nos pés, a lã que aquece
Sem fé, em manhã de prece

Uma brisa que pede passagem
Descobre chance numa fresta
Desliza sobre a pele em viagem
Sopra distante do que resta

O antigo caminho de folhas secas
Esconde espinhos de outras cenas,
Permanece na cabeça que delira
Desaparece na certeza da mentira

E nem a chuva pode arrastar
Passadas largas que almejam o sol
Vem a pintura só de pensar
Passa e abraça os que festejam só

Os ponteiros juntos na calada da noite
Candeeiro escuro na beirada da fonte
Luz calma que recria teu brilho no papel
Lua calada, imita teu sorriso no meu céu

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

E Me Engasga Com Tua Boca***

Sou do tipo que o tempo tapa
Um molho que molha a gente
Não finge tingir e atinge o presente
E se afoga no fogo que não apaga

Chama-me pra chama da tua cama
Vem pra junto, junta a gente, junto!
Manda-me mudar teu mundo
Clama e me acalma, diz que me ama

É sombra que me assombra e sua sobre a mesa
Cai lento sobre o leito aquele lenço
E aqui venta e te invento no que penso
Nobre é o que cobre e descobre a beleza

Ouço da moça que a ousadia é pouca
Aperta-me contra a porta entre aberta
E te trago em meus braços sem trégua
Rasga a roupa e me engasga com tua boca

Não deixo que teu feixe de luz me deixe
Vai aprender a prender-me em teu coração
E dos beijos que não vejo e desejo a sensação
É sol que salta e solta no azul da minha mente