quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Vista do Mar***

Essa vista do mar
Cada dia mais assim
Um bom lugar, talvez
e na pedra descansar

Porque é preciso
Vez ou outra se define
Naquela cena sozinho
como um sorriso na vitrine

Sem ninguém para ver
Ou ao menos cair
Como a estrela no céu
pra impedir de querer

Enquanto o brilho na água
Que respira a manhã
Insiste em luzir
Pra disfarçar a mágoa

E levantar já é tão pouco
Deixa a pedra no lugar
Que o dia já se vai
Diante da vista do mar

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Perfume***

Sei que assim pode alcançar
Sonhos distantes
que te fazem esperar,
que te fazem suspirar

E se algumas escolhas falham
Deixe para lá
Pois pode ser para o bem,
Pois pode ser mais além

Mas se o caminho a seguir
Parecer que não vem...
Não se esqueça de sorrir,
Não se esqueça de sentir

Que ao teu lado ele há de estar
Seja assim,
Com frases a rimar,
Com aquele perfume no ar

segunda-feira, 29 de março de 2010

Meu Bem***

Bem que disse
aquele beija-flor,
que nunca foi bem-te-vi
que nunca beijou uma flor

Bem que eu ouvi
que o canto não era dele,
Bem que eu o vi
Sem canto parado ali

Bem-te-vi dançando
para lá, para cá
sem flor, flutuando...
Nem te vi me olhando

Bem que eu quis
ser visto pelo beija-flor,
ser quisto pelo seu amor!
Bem-te-vi, meu bem, bem aqui

domingo, 14 de março de 2010

O Silêncio***

Em meio a tudo o que há
Pouco se ressalta,
Muito do que se espera de lá
Não hesita e salta

Tão longe que não se vê
Tão perto que lhe finca o peito
Até certo ponto, clichê
nada mais do que, imperfeito

Quando se precisa, desaparece
Mas nem se quer depende de nós
Presente nos momentos de prece
Confidente quando estamos sós

És cúmplice do pensar
Inexiste se dizer, até
Vem e vai assim, sem notar
Sabe o silêncio? Pois é...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Reflexão***

Desfazer-se da vida
já é tentar aliviar
Esquecer a ferida
Não mais sentar e voltar

E quando já não se sabe
Onde foram se perder
o tanto que nem cabe
o pranto do amanhecer

Mas o tempo não deu
resta aquela imensidão
sem saber o que é seu
empresta essa solidão?

Ou desapareça na fumaça
Daquilo que diz a razão
E esqueça o que se passa
Fazendo planos no verão

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Onde o Batuque é Refrão***

Quanto há de verdade
na alegria no meio do salão?
Onde máscaras são vaidade
Onde o batuque é refrão

Confetes caindo,
Serpentinas voando,
Colombina sorrindo,
Pierrot lamentando

E quando a marchinha ceder,
A bebida secar,
Será que ao ver o dia nascer
a alegria ainda acompanhará?

Deixa de lado a fantasia
enquanto a banda toca o final,
A rua ficando vazia
esperando o fim do Carnaval.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

No Meu Divagar***

Fiz umas linhas parecerem versos
Num dia que não estava para mim
Diz assim que sou disperso
e que nada pode por fim

Mas, se ao clarear te vejo
Tudo vem e acalma o pesar
Faz vislumbrar teu beijo
em meio ao nosso olhar

Só cantar já é querer por perto
Chuvas de calor no meu jardim
E trilhar o caminho certo
que nem de longe quis assim

Paz, no repousar do desejo
E que não quer estragar
Simplesmente porque te vejo
em meio ao meu divagar

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O que Havia no Mar***

Estava lá o moço
sem a fé habitual
sem o café matinal.
Tentava ser esboço

Com a mesma poesia
que outrora era verso,
deixou fora do universo
Sem a mesma alegria

Mas não desiste do amor
e inventa quem não viu,
lamenta por quem sumiu
e nem resiste ao torpor

Inglório e santo cortejo,
ele aguarda a cavalaria chegar
e guarda o que havia no mar.
Sóbrio de tanto desejo

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Descompasso***

Passos lentos sem ardor,
Aos poucos para chegar
e dos loucos se aproximar.
Laços feitos em dissabor

No querer da anunciação,
Enquanto lá, luzia o farol
Quando já fugia o sol,
Fez desaparecer a solidão

E me desfaço da cor ausente
Fincado no mantra que havia
No descompasso da dor reluzente

Saltando no caminho do depois
Alucinado de tanta nostalgia
Selando o destino de quem já foi

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sobras do Acaso. (Esperança)***

Essa casa já foi mais quista
As suas paredes repletas de alma.
Talvez por causa da vista,
Talvez fruto da calma

Certo é que ficou lá atrás
Onde alguns lembram
Outros passam mas,
Nem sempre entram

As memórias ainda pintam a sacada.
O brilho em algum lugar está.
Histórias de páginas viradas,
e sorrisos que viviam por lá

Apenas sentimento puro e latente.
Obras entre o descaso e a lembrança ,
Penas ao vento para ser diferente,
Sobras do acaso que renovam a esperança

E o que parecia se perpetuar,
Aos poucos vai ficando cansado...
Um tanto da alegria em recomeçar,
Que de novo vai sentando ao lado.