sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

À Espera da Estrela***

O moço anda meio estragado
Tropeçando no antigo.
O cabelo não é mais encaracolado
E ainda busca um abrigo

Anda meio desligado,
Repousando a fé na lembrança
daqueles que um dia lhe deixaram
a saudade como herança

Faz do tempo seu costume
e nas horas vagas silencia,
Caçando vaga-lume
que outrora aparecia

Num abraço apertado
Que poucas vezes sentiu.
E naquele imaginado
que simplesmente ruiu

Entre rosas de nome estranho
e fadas cor de céu,
Pintou a mão do seu tamanho
com poesia e pincel

Visitou mundos perfeitos
Foi feliz por toda a primavera,
só não encontrou por esses feitos
a estrela que ainda espera

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Vista do Mar***

Essa vista do mar
Cada dia mais assim
Um bom lugar, talvez
e na pedra descansar

Porque é preciso
Vez ou outra se define
Naquela cena sozinho
como um sorriso na vitrine

Sem ninguém para ver
Ou ao menos cair
Como a estrela no céu
pra impedir de querer

Enquanto o brilho na água
Que respira a manhã
Insiste em luzir
Pra disfarçar a mágoa

E levantar já é tão pouco
Deixa a pedra no lugar
Que o dia já se vai
Diante da vista do mar

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Perfume***

Sei que assim pode alcançar
Sonhos distantes
que te fazem esperar,
que te fazem suspirar

E se algumas escolhas falham
Deixe para lá
Pois pode ser para o bem,
Pois pode ser mais além

Mas se o caminho a seguir
Parecer que não vem...
Não se esqueça de sorrir,
Não se esqueça de sentir

Que ao teu lado ele há de estar
Seja assim,
Com frases a rimar,
Com aquele perfume no ar

segunda-feira, 29 de março de 2010

Meu Bem***

Bem que disse
aquele beija-flor,
que nunca foi bem-te-vi
que nunca beijou uma flor

Bem que eu ouvi
que o canto não era dele,
Bem que eu o vi
Sem canto parado ali

Bem-te-vi dançando
para lá, para cá
sem flor, flutuando...
Nem te vi me olhando

Bem que eu quis
ser visto pelo beija-flor,
ser quisto pelo seu amor!
Bem-te-vi, meu bem, bem aqui

domingo, 14 de março de 2010

O Silêncio***

Em meio a tudo o que há
Pouco se ressalta,
Muito do que se espera de lá
Não hesita e salta

Tão longe que não se vê
Tão perto que lhe finca o peito
Até certo ponto, clichê
nada mais do que, imperfeito

Quando se precisa, desaparece
Mas nem se quer depende de nós
Presente nos momentos de prece
Confidente quando estamos sós

És cúmplice do pensar
Inexiste se dizer, até
Vem e vai assim, sem notar
Sabe o silêncio? Pois é...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Reflexão***

Desfazer-se da vida
já é tentar aliviar
Esquecer a ferida
Não mais sentar e voltar

E quando já não se sabe
Onde foram se perder
o tanto que nem cabe
o pranto do amanhecer

Mas o tempo não deu
resta aquela imensidão
sem saber o que é seu
empresta essa solidão?

Ou desapareça na fumaça
Daquilo que diz a razão
E esqueça o que se passa
Fazendo planos no verão

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Onde o Batuque é Refrão***

Quanto há de verdade
na alegria no meio do salão?
Onde máscaras são vaidade
Onde o batuque é refrão

Confetes caindo,
Serpentinas voando,
Colombina sorrindo,
Pierrot lamentando

E quando a marchinha ceder,
A bebida secar,
Será que ao ver o dia nascer
a alegria ainda acompanhará?

Deixa de lado a fantasia
enquanto a banda toca o final,
A rua ficando vazia
esperando o fim do Carnaval.